Comer, assim como cozinhar é uma arte e poesia e requer de uma certa forma, dedicação. Comer é apreciar o que se está comendo, é saborear cada garfada, é descobrir sabores e cheiros. O prato da vez, é uma Dobradinha (portugues brasileiro), ou dobrada (português europeu) é o nome dado, em culinária, ao bucho de animais, em especial do boi, cozido em pequenos pedaços com grande variedade de condimentos e acompanhamentos.
É prato tradicional da cozinha do norte de Portugal e de diversas regiões Brasil, tendo sido tema de célebre poema de Fernando Pessoa, Dobrada à moda do Porto.
Na cidade do Porto e na região circundante, a dobrada é conhecida como tripas, sendo o prato mais conhecido designado por tripas à moda do Porto. O gentílico tripeiro, que designa um habitante da cidade do Porto, é derivado precisamente deste prato ancestral.
Deixarei antes da receita, o poema de Fernando Pessoa, em homenagem ao Porto, onde ele fala da Dobrada.
Apesar de nunca ter sido chegada a essas comidas "exóticas" digamos assim, por ter carnes diferentes e a dobradinha não foge à regra, já que ela é feita originalmente com buchos de boi, para mim, coisas "estranhas" nunca foram bem vindas, entretanto, eu tinha curiosidade para saber como era, pois o cheiro sempre foi bom, e a gente come com os olhos e com o olfato, não é mesmo?? Resolvi no caminhar dessa minha nova jornada de aprendiz de comida saudável, fazer uma dobradinha vegana e percebi que o gosto e o sabor não era apenas por causa da carne e sim pelo próprio feijão branco, que faz toda a diferença. Acrescente a essa belezura uma boa farinha de mandioca e uma boa pimentinha. Posso afirmar-lhes que a dobradinha vegana não perde em nada para a tradicional, só precisamos estar dispostos a experimentar novos sabores, fazer novas descobertas pelo mundo da comida. Ah!!! e comer quente, pois é puro amor. E amor, somente quente.💞
Dobrada à Moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterônimo de Fernando Pessoa
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterônimo de Fernando Pessoa
Ingredientes
1 lata de bife vegetal superbom em cubos grandes
1 unidade de cebola picada
2 dentes de alho amassados
2 unidades de cenoura picadas
2 talos de salsão picado (isso aqui dá um sabor maravilhoso na comida, um cheiro fantastico)
4 unidades de salsicha vegetal superbom em rodelas (eu coloquei defumada)
4 colheres de sopa de polpa de tomate
sal a gosto
coentro picada para decorar
Modo de Fazer
Em uma panela com azeite, refogue a cebola, a folha de louro e o alho e coloque o feijão, acrescente a água e deixe cozinhando até ficar al dente. Em seguida, para temperar as carnes vegetais, coloque em uma panela o azeite e refogue a cebola e o alho juntando o bife e a salsicha, a cenoura e o salsão. Acrescente o feijão ja cozido e deixe cozinhar mais uns 10 minutos. Porção para 6 pessoas. Total de cozimento 50 minutos.
A base dessa receita eu tirei do aplicativo da Superbom.
Essa quantidade que eu fiz rendeu 4 potes, sendo 2 de 500ml e 2 de 1lt. Sempre congelo para ter durante a semana. Bon appétit!
**Dica: Boa parte dos grãos contém ácido fítico ou fitato, um inibidor enzimático, na sua camada mais externa. E como os grãos integrais não são previamente processados ou fermentados, este ácido não está neutralizado. O fitato dificulta o processo digestivo e geralmente se liga a algumas proteínas e minerais no trato intestinal, como cálcio, zinco, ferro e magnésio, e pode impedir a sua adequada absorção e assimilação pelo organismo.
Por isso, o fitato é considerado um fator antinutricional de alguns alimentos. Quando deixamos os grãos de molho, enzimas e outras substâncias neles presentes conseguem neutralizar o ácido fítico, fazendo com que as suas proteínas, minerais e vitaminas sejam mais facilmente absorvidos pelo organismo. Quando for cozinhar algum grão, deixar demolho de 8 a 12 horas, sempre trocando a água.